GISELE TAMAMAR
O mercado imobiliário desacelerou na cidade de São Paulo no primeiro semestre. Foram vendidos 31,3% menos imóveis residenciais novos este ano em comparação com o mesmo período de 2010 — passando de 17.005 para 11.680 unidades comercializadas. Mas já que os preços não devem parar de subir, pelo menos, o avanço tende a ser mais lento do que o registrado em 2010 e caminha para acomodação.
Os dados fazem parte do balanço divulgado ontem pelo Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP). Para a entidade, três fatores contribuíram para a retração. O primeiro foi uma antecipação de venda de imóveis ocorrida em 2010 com disponibilidade de crédito e segurança no emprego. O segundo foi a morosidade do programa Minha Casa, Minha Vida 2, o que afetou o ritmo das vendas de imóveis populares neste ano.
Por último, o avanço da inflação na virada do ano deixou o brasileiro com um pé atrás na hora de assumir dívidas de longo prazo, como a da compra de um imóvel.
Na avaliação de Eduardo Coelho, coordenador do curso de pós-graduação em negócios imobiliários da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), o primeiro semestre do ano passado foi “excepcionalmente bom”, o que resulta em uma base de comparação alta.
Coelho pontua que a Grande São Paulo sustenta mais lançamentos do Minha Casa, Minha Vida devido ao preço dos terrenos que suportam a construção dentro do padrão do programa. Essa é uma das razões para a Região Metropolitana registrar queda menor nas vendas nos primeiros seis meses deste ano. Foram vendidos 24.178 imóveis, 28% menos que igual período do ano passado, quando atingiu 33.576 unidades.
A preferência do comprador foi para imóveis com dois dormitórios com 45,8% do total comercializado ou 11.072 unidades. Já o de três quartos, respondeu por 32,9% das vendas (7.954 imóveis).
No bolso
Só em 2010, o preço médio do metro quadrado aumentou 27,7%. No primeiro semestre deste ano, a alta foi de 8,6%. Para o economista-chefe do Secovi, Celso Petrucci, a variação de preços está “bem próxima” dos índices de inflação do mercado, como INCC, que subiu 5,6% no mesmo intervalo, ou o IPCA, com alta de 3,9%. “A tendência de valorização deste ano é de ficar muito mais próxima desses índices.”
Coelho não acredita em queda, mas que “está na hora de parar de subir” e seguir para a uma estabilidade dos preços. “O que pode acontecer é a incorporadora segurar um pouco os preços”, diz.
A expectativa do Secovi é fechar o ano com 32 mil unidades vendidas na cidade, um número 9% abaixo do registrado em 2010, quando foram comercializados 36 mil imóveis. (Colaboraram Fabiana Holtz e Márcia De Chiara)